Doria é um"não político" que pertence à pior estirpe da bandidagem política


Luis Felipe Miguel

A candidatura de João Doria à presidência em 2018 está cada vez mais delineada. Ele adotou a postura de candidato desde que se elegeu, com seus factoides permanentes e sua agressividade de proveta contra Lula.

Como esperado, com a evolução da crise, os postulantes "naturais" do seu partido estão caindo. Aécio chegou num ponto em que não há mais blindagem que o salve; Serra, que já era um candidato implausível por sua decrepitude evidente, também. Alckmin vai pelo mesmo caminho e eu aposto que sua fritura começará a andar mais rápido. O PSDB é um ninho de cobras e Aécio e Serra vão se vingar.

Doria é uma farsa, um pretenso "não político" que pertence à pior estirpe da bandidagem política. Sua passagem pela Embratur no governo Sarney ou a relação promíscua entre suas empresas e os governos tucanos de São Paulo já bastariam para desmontar sua máscara. Mas não importa. Ele é protegido por dois fatores: um apoio cada vez mais entusiasmado dos grandes meios de comunicação e o fato de que, até aqui, era uma figura de absoluta insignificância política, o que o protegeu de participar dos escândalos mais quentes do momento.

Mas ainda não se sabe que candidato Doria vai ser. Eu explico. Doria vai ser uma reencarnação do Collor de 1989 ou vai
ser a ponte final entre o tucanato e os órfãos de Bolsonaro? (Digo "órfãos" porque é cada vez mais provável que o neofascista covardão não se arrisque e concorra novamente a deputado, garantindo a permanência de sua imunidade parlamentar.)

O projeto Collor é o de um candidato antipolítico, moralista, autoritário e hipócrita, com discurso gerencial e privatista, cujo projeto é retirar ainda mais direitos e desmilinguir o Estado, sempre mantendo os velhos negócios da política de sempre. Tudo isso embalado numa retórica de "modernidade".

O projeto Bolsonaro manda às favas a modernidade e assume um discurso claramente regressista. O componente gerencial e privatista não é descartado, mas empalidece diante da ênfase dada ao moralismo autoritário.

Nenhum dos dois projetos é bom, mas isso não significa que não existam diferenças entre eles.

Doria flerta com ambos. Por isso, a conflito entre o MBL e o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, deve ser acompanhado com alguma atenção. Holiday e o MBL investem contra Schneider em nome da proposta fascista do "Escola Sem Partido". Para esse grupo, a defesa da liberdade para ensinar é a prova de que há uma mácula esquerdista na administração Doria - que, fora isso, é aplaudida entusiasticamente. Nas páginas da extrema-direita alucinada, Schneider, um kassabista de primeira hora, é acusado de ser militante do PSOL.

Caso o prefeito de São Paulo ceda a essa pressão, terá sinalizado sua opção pelo projeto Bolsonaro, isto é, por encarnar uma direita abertamente liberticida.

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