Eduardo Cucolo, um dos piores jornalistas do pior jornalismo do mundo, zomba da destruição da Previdência no Brasil

Luis Felipe Miguel
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Talvez por ser um dos profissionais mais despreparados da imprensa brasileira, Eduardo Cucolo apresenta com especial candidez os truques de desinformação com que tentam manipular a opinião pública. Sua coluna de hoje na Folha, sobre o fim da aposentadoria, é um primor.

1. A "reforma da Previdência" é apresentada como uma necessidade técnica, natural, indiscutível. Seus opositores julgam que "os culpados são os números". É interessante que a mesma imprensa que bate nessa tecla dia sim e dia também nunca abre espaço para especialistas com visão diversa daquela do governo, especialistas que contestam até a forma como os números estão sendo produzidos. E que dizem ainda que, para além dos números, a questão é o que fazer para mudá-los.

2. A oposição ao fim da aposentadoria seria ação de "sindicatos do funcionalismo público" e das "pessoas mais privilegiadas". O apego aos números sumiu aqui - porque os números mostram que a esmagadora maioria dos trabalhadores e trabalhadoras, de todos os setores da economia, é
prejudicada pela reforma e se opõe a ela.

3. Ao caricaturar a posição dos seus opositores, Cucolo diz que, para eles, o fim da aposentadoria não será necessário "se o Brasil acabar com a corrupção e com a sonegação". E debocha: "fácil, não?" Claro: mais fácil é jogar milhões de pessoas na insegurança e na pobreza. (Além disso, quando vemos o Carf perdoando dívidas colossais de sonegadores, 25 bilhões do Itaú só na semana passada, percebemos que, com um mínimo de vontade política, talvez não seja tão difícil combater a sonegação.)

4. Por fim, desvela-se o miolo do argumento: "no Brasil não existe gasto, apenas direitos adquiridos".
Estamos vivendo uma cruzada contra os direitos. É o discurso do governo golpista, da mídia, de toda a direita. A Constituição de 1988 tem que ser desmontada porque fixou o terreno em que a luta política se organiza como luta por direitos e é isso que eles querem reverter.

A imagem desonesta que Cucolo e outros mais competentes do que ele passam é que o direito é uma abstração, uma fantasia: os direitos não veem gastos. Não é nada disso. O direito é uma afirmação contra a injustiça. Ao afirmar um direito, estamos dizendo que a sociedade vai redistribuir algumas de suas vantagens para proporcioná-lo a todos. Retirar direitos é patrocinar a concentração da riqueza e do poder.

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