Temer acusa o golpe

Sylvia Moretzsohn

Isso é o que se chama, com o perdão do trocadilho inevitável, acusar o golpe.

Sua Excelência Usurpadora deseja que lhe explique? Pois é muito simples.

Começa pela farsa do impeachment, quando o Cunha perde o apoio do PT na comissão de ética e, ato contínuo, acolhe o pedido daquele trio de advogados. Prossegue no espetáculo grotesco da votação da Câmara e no jogo de cartas marcadas do "julgamento" no Senado, em que todos já tinham seu veredito prévio. Culmina no resultado previsível, após o qual alguns senadores afirmaram que, de fato, não houve crime, mas, como o país estava ingovernável, o jeito era afastar a presidente. O arremate é a votação em separado: Dilma cometeu crime, por isso perde o mandato, mas, como não cometeu crime, não deve perder os direitos políticos. 

Foram seis os jornalistas a entrevistá-lo, entre eles o editor de política, um colunista político e uma editora executiva. Incrível como nenhum conseguiu apresentar à Sua Excelência esse argumento.

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