Brasil se desfaz em merda em nome de Jesus e do ódio fascista.

Reichsmarschall Dallagnol conduzindo o gado 

NÃO SER MEDÍOCRE SERÁ UM CASTIGO

Para a maioria dos menores de 40 anos, que não conheceu um outro país, vai tudo bem, tudo normal, mas para os que nasceram num tempo em que se pensava, em que o país se pensava, o Brasil vai se transformando rapidamente no túmulo do pensamento, da razão.

De um lado o fundamentalismo religioso destruindo as nossas raízes.

De repente o samba, a congada, o bumba meu boi, o reizado, o cavalo marinho, frevo, maracatu... Viraram manifestações diabólicas.

As festas juninas, sacrilégio e idolatria.

Se no plano cultural, folclórico, é esta devastação, no plano científico o estrago não é menor, a ponto de idiotas pleitearem introduzir o criacionismo nos currículos escolares e acadêmicos, algo assim como introduzir a crença em cegonha nos cursos de Ginecologia e Obstetrícia.

Observando os candidatos a vereadores e prefeitos, diante de alguns Tiririca é Doutor em Física Quântica e Bolsonaro é a Madre Teresa de Calcutá, figuras risíveis pedindo votos na televisão;
Ressurgem e com muita força o racismo, a xenofobia, o preconceito de classe, paradoxalmente defendido pelos pobres.

Para coroar tudo, uma reforma do ensino médio de arrepiar analfabetos.

Explico: a ciência, hoje, faz uma abordagem holística da realidade, onde as matérias curriculares existem apenas como forma de ordenar o conhecimento, porque nenhum assunto se esgota em si, interdependendo-se.

Por exemplo: houve uma época em que um médico era um anatomista (conhecia a localização e funcionamento dos órgãos) e um farmacologista, conhecendo as substâncias que atuam sobre o organismo humano, e ponto final.

Hoje, a tecnologia invadiu de uma tal maneira a área médica que o médico moderno é um técnico em eletrônica, um físico e químico, também, para dominar o uso de todo o equipamento do setor.

Um biólogo, que no passado era um compilador de nomes científicos, um identificador de espécies, hoje, graças ao domínio da Ecologia e do conhecimento dos mecanismos da Evolução, um biólogo é também edafólogo (solos), bioquímico, biofísico, meteorologista, geógrafo...

Não há mais o especialista, pelo conceito antigo, aquele cara que entendia muito de muito pouco.
Num quadro assim, buscar especializações no ensino médio é fatiar o saber, desde a base, e logo teremos médicos incapazes de redigir um diagnóstico, engenheiros incapazes de redigir um laudo, advogados incapazes de redigir uma petição, todos analfabetos funcionais, porque do português só uma vaga lembrança do que estudaram no curso fundamental.


Num tempo em que as informações nos chegam num ritmo avassalador, abrir mão da cultura geral, de pelo menos as noções básicas em cada campo dos conhecimentos é tornar-se um robô na linha de produção.

Como viver na era atômica sem saber o que é um átomo, de viagens siderais, sem ter pelo menos noção do Sistema Solar, sem conhecer pelo menos os rudimentos de anatomia, para conhecer o próprio corpo, ter noções mínimas de conceitos políticos e sociológicos, para não ser caixa de ressonância de mais espertos?

Quanto mais assuntos um homem domina maior a sua capacidade de análise e crítica, melhor entende e se situa no mundo, ao contrário dos iletrados analfabetos funcionais.

Normalmente o analfabeto funcional é monoideísta, vive de ideia única.

Repare que para muitos está tudo num livro considerado sagrado, tudo se resolve e se resolverá por intervenção divina; para outros, fazer política é apontar os corruptos adversários e defender os seus corruptos; os cuja única preocupação é a vida alheia...

É por demais sabido que os sem informações discutem pessoas, os medianamente informados discutem fatos e os bem informados discutem idéias.

Mas na contramão desses conceitos elementares o governo pretende fatiar os conhecimentos e dar uma fatia, somente uma, a cada brasileiro, a partir do ensino médio.

Como disse o pensador Terêncio: Homo sum: nihil humani a me alienum puto. “Sou humano e nada do que é humano me é estranho...”  

Os neoliberais gênios brasileiros caminham em direção oposta, o que pode ser resumido por “sou brasileiro e nada devo pensar, só trabalhar”.

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