Luis Felipe Miguel
A revista Veja chega às bancas estampando na capa uma imagem de Lula decapitado, sangrando.
A revista Veja chega às bancas estampando na capa uma imagem de Lula decapitado, sangrando.
Eu julgava que nada mais me espantaria, vindo da abominável publicação dos Civita. Estava errado. Veja está promovendo o assassinato político. É uma capa criminosa. Em qualquer país em que houvesse justiça (vejam, não estou me referindo ao Brasil) os responsáveis pela revista estariam a um passo da cadeia.
Incapazes de sustentar seus negócios, os Civita optaram, há tempos, por uma forma de gangsterismo. Suas redações, assim como as de toda a grande imprensa brasileira, estão lotadas de arrivistas amorais, pseudoprofissionais sem ética e sem qualificação, dispostos a fazer qualquer coisa para agradar os patrões. Mais
um limite foi ultrapassado, mas reconheço que o espanto é só ingenuidade minha. Eles não têm limites.
O pior é saber que a nossa repulsa e indignação, reações de qualquer pessoa com um mínimo de integridade e sensibilidade, não serão unânimes. As fileiras do ódio cego a Lula, ao PT e à esquerda, que Veja ajudou a cevar ao longo de anos, devem estar comemorando a imagem da capa e a própria ideia do assassinato do ex-presidente.
A campanha sem freios para derrubar os governos petistas não ceifou só a democracia. Erodiu todo o verniz de civilização que estávamos, a duras penas, conquistando. Estamos mergulhando a passos céleres na barbárie. E Veja, como sempre, é o alegre arauto da nossa decadência.