Não sejam cínicos.
- Votei em Dilma e votaria a fazê-lo se os seus oponentes fossem os mesmos.
- Não me agradou o fato de ela ter adotado a agenda neoliberal, mas isso não justifica impeachment.
Afastar uma presidente, eleita legitimamente, sem provas concretas de sua culpabilidade é golpe. Não sejam cínicos.
- A situação econômica do país não é justificativa para remoção de uma mulher, que pode ter mil defeitos, mas é honesta. Lembrem-se que foi o esgotamento da política neoliberal de FHC que levou Lula a assumir a presidência da República, em eleições limpas, no já distante ano de 2002. Se estavam descontentes com o governo atual que esperassem 2018. Não sejam cínicos.
- Alegar que quem votou em Dilma votou em Temer não revela apenas analfabetismo político. É atestado de canalhice de quem quer se ver absolvido dos crimes que serão perpetrados pela besta fera que pariu. O PT se aliou ao PMDB e não cabia ao partido qualquer veto sobre a indicação do vice-presidente. Ninguém vota em vice e vocês sabem disso. Ou alguém imagina que votamos em um governo que teria José Serra como chanceler, entregando Pré-Sal e desmontando patrimônio público para entregá-lo a corporações transnacionais? Isso era o projeto de governo do candidato que vocês escolheram. Não sejam cínicos.
- Se não houver reforma política, qualquer presidente será refém do PMDB de Jucá e Renan. Mas discutir reforma não lhes interessa. Onde estão suas panelas, quando a democracia representativa está sendo jogada na lata do lixo? Não sejam cínicos.
- Por fim, concluo dizendo que não aceitarei argumentos dos “puros”. Daquele tipo de esquerda que encanta estudantes, mas se omitiu quando a Constituição de 1988 estava, com anuência do STF e narrativa da mídia corporativa, sendo rasgada. Não sejam cínicos.
- Não venham com discursos de conciliação ou tentativas de “serenar os ânimos”. Vocês plantaram o ódio, não queiram, agora, cordialidade. Não sejam cínicos.