Família Mesquita, Ustra, Fleury, Garrastazu: os democratas dominam a nação |
Jornal GGN - Os advogados do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins, soltaram carta aberta ao Estadão respondendo sobre notícia veiculada pelo jornal. A defesa do ex-presidente fala sobre o comunicado feito ao Comitê de Direitos Humanos da ONU que, com visão bem diferente do noticiado pelo jornal. Os advogados explicam o caminho de tal comunicado e a aceitação pelo organismo internacional.
Além disso, levantam o debate sobre a diferença entre notícia e opinião, coisa que o jornal se perde vez em muito, transformando um desejo em notícia ou uma notícia em nada, já que não esclarece os pontos primordiais.
Leia a carta a seguir.
Carta aberta ao jornal O Estado de S. Paulo
Ao Diretor de O Estado de S. Paulo
Att. Sr. João Fábio Caminoto
Cc jornalista Jamil Chade
Prezado Sr.
O jornal O Estado de S. Paulo mais uma vez publica notícia factualmente errada em relação ao comunicado individual feito pelo ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em 28/07/2016.
Além dos diversos editoriais e reportagens equivocados sobre o tema, desta vez, o jornal pretendeu se arvorar na condição de intérprete tupiniquim do órgão internacional.
O jornalista Jamil Chade, em cobertura a partir de Genebra, chegou a vaticinar (edição de 6/10) que o caso não teria andamento neste ano ( http://bit.ly/2eSLkSU ). Foi desmentido pela realidade, com o registro do comunicado de Lula ocorrido no dia 26/10.
De acordo com o art. 86 das regras do Comitê de Direitos Humanos da ONU, o registro de comunicado individual é precedido de uma análise sobre diversos aspectos relativos ao seu conteúdo. Há previsão até mesmo para que o Secretário-Geral da entidade, se necessário, apresente questionamentos ao autor do comunicado. No caso de Lula, o registro foi realizado sem a necessidade de qualquer esclarecimento adicional, razão pela qual entendemos que foi superada a primeira etapa do procedimento.
Jamais dissemos que o caso estava finalizado ou ganho perante a ONU. Mas as evidências de violações ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos em relação a Lula pela Operação Lava Jato e seus desdobramentos chocam a comunidade jurídica internacional. Tal evidência é o receio do Estado, que se calou diante dessas sistemáticas violações. Nem mesmo quando 25 advogados do nosso escritório foram grampeados pelo juiz Sergio Moro, com a divulgação parcial das conversas gravadas, o jornal reagiu. Conduta muito diferente, por exemplo, de quando, recentemente, a Justiça autorizou a quebra do sigilo telefônico de um jornalista.
É inaceitável que um veículo de comunicação deturpe a realidade, abandonando a função social de bem informar a sociedade, em prol de viés próprio na cobertura dos fatos. Não se pode confundir opinião com notícia e muito menos com fato.
Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins