Juristas com fama e reputação tentam o impeachment de Gilmar Mendes desde setembro do ano passado. Recorreram ao Senado, pediram a cassação de Mendes, mas Renan Calheiros disse que o apelo não tinha fundamento e mandou que fosse engavetado.
Os juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Fábio Konder Comparato, Sérgio Sérvulo da Cunha, Roberto Átila Amaral Vieira, entre outros, reclamavam das repetidas atitudes e decisões controversas do ministro, que consideram em desacordo com a conduta padrão de alguém que integra a mais alta Corte do país. E se queixavam do ativismo partidário de Mendes.
Diz o pedido: “Esse comportamento de S. Excia. ofende ao princípio da impessoalidade, inscrito no art. 37 da Constituição da República. O interesse, aqui, não é discutir o fundamento das decisões apontadas e a pertinência dos meios processuais utilizados, não obstante em alguns casos extremamente discutíveis; mas sim apontar a coincidência que faz o Sr. Ministro pender invariavelmente a favor do PSDB e contra o PT”.
No final do ano passado, com o engavetamento da ação de impeachment por Calheiros, os juristas recorreram ao próprio Supremo. O Supremo mandou o caso para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. E assim vai.
Reconto tudo isso porque agora, depois que Gilmar Mendes votou pela libertação de José Dirceu, vozes antes silenciosas passaram a se manifestar.
Os ‘liberais’ calados, que até então viam Mendes como aliado na estratégia de destruição do PT e de Lula, de repente são legalistas aliados dos juristas que estavam sozinhos na defesa do ponto de vista de que o ministro não tem condições de continuar no Supremo.
São oportunistas contrariados com o voto favorável a Dirceu. Mendes é agora inimigo de antigos parceiros, mesmo que digam que tenha feito um movimento para proteger os tucanos mais adiante.
Os liberais brasileiros de ocasião estão sempre à espera do momento certo de jogar para a torcida e se desfazer de quem eles consideravam aliados das aspirações golpistas.