A mediocridade da esquerda no congresso

Reflexo no espelho

Luis Felipe Miguel

É triste acompanhar a eleição das mesas das casas do Congresso.

Triste pela vitória anunciada de dois legítimos exemplares daquilo que a política brasileira produz de pior, o deputado Rodrigo Maia e o senador Eunício Oliveira. Triste porque expõe, uma vez mais, como nosso parlamento é conservador, fisiológico e desprovido de compromisso democrático.

Mas é triste, principalmente, pela baixíssima qualidade da representação da esquerda. O PT da Câmara, depois de muito pressionado, desistiu de apoiar Maia e tomou o caminho correto do apoio a André Figueiredo - que não é nenhum santo, mas esteve contra o golpe e, neste momento, simboliza a unidade da oposição ao retrocesso.

Mas o PT do Senado vai dar votos a Eunício, em nome de cargos na mesa. (Só que na hora em que pareceu que podia fazer uso do cargo, quando Marco Aurélio Mello afastou Renan Calheiros da presidência, Jorge Vianna se borrou de medo de tomar qualquer atitude contra o governo golpista e fez o que pôde para não assumir.)

O PCdoB, por sua vez, está com Maia e não abre. (O argumento oficial é a continuidade da bancada do partido, já que Maia estaria comprometido com impedir a cláusula de barreira e o fim das coligações. Besteira. Primeiro, a oposição ao golpe tem uma prioridade lógica. Depois, Maia não tem força para garantir esse resultado, nem que queira, caso seja decisão do núcleo do governo, isto, do PMDB e do PSDB. Por fim, embora a cláusula de barreira seja mesmo uma excrescência, a proibição de coligações nas eleições proporcionais é sustentada por argumentos dignos de respeito.)

E o PSOL lança uma candidatura própria, parece que apenas para dizer ao mundo que não topa nenhuma frente de resistência ao golpe. Se é infantilismo, não é aquele que deriva do esquerdismo. É o infantilismo oportunista, o mesmo que fez Luciana Genro aplaudir Moro e Freixo rejeitar o apoio de Jandira.
À direita do PSDB

Subscribe to receive free email updates: