E o pudor partiu de vez



Comecei a pesquisar sobre Alexandre de Moraes, ou o Careca do PCC, Ministro da Justiça, indicado por MT para ocupar o lugar de Teori Zavascki, que já foi providencialmente esquecido pela mídia.

Pensei em escrever um artigo, mas já tenho informações para escrever pelo menos três artigos.

A quantidade de imóveis que esse moço tem, inclusive sítio com mansão, em área de preservação ambiental, não está no gibi, é coisa pro Livro dos Recordes ou Forbes.

Nas suas justificativas para ter ganho tanto dinheiro como advogado, ele cita uma complementação de rendimentos como escritor, já tendo vendido mais de 700 000 exemplares.

Menos, seu moço. O único escritor que talvez tenha vendidos essa quantidade de livros no Brasil é Paulo Coelho.

Considerando que os seus livros são técnicos (jurídicos) e não de ficção, dirigidos a público restrito, complica mais ainda, expondo um argumento que não se sustenta.

Vinícius de Moraes tinha a aposentadoria do Itamarati (foi diplomata), direitos autorais sobre músicas, dava shows e fazia free-lancer como cronista, nos jornais, porque não tinha como viver de livros.

Carlos Drummond de Andrade era servidor público aposentado, tinha colunas em jornais e era tradutor, porque não tinha como viver de livros.

E assim vai. 

Considerando-se que o autor ganha 5% de comissão do preço de capa (10% quando é um grande vendedor), se eu considerar cada livro seu ao preço de R$ 100,00 e a sua comissão, de 10%, todos os livros vendidos não dariam para ele comprar um dos seus muitos imóveis, como um apartamento de andar inteiro, em frente ao Clube Pinheiros, em São Paulo, por exemplo.

Há o escritório de advocacia, que, para se desincompatibilizar com o cargo público, passou para o nome da mulher, e aí complica mais ainda, porque ele advogou para diversas empresas lavanderias, inclusive do narcotráfico, algumas delas enroladas em operações da Polícia Federal.

Mas, o que mais me preocupa, causa estranheza mesmo, é que até pouco tempo atrás ele advogou para Eduardo Cunha, inclusive livrando-o da cadeia por fraude e falsificação de documentos.

Certamente o ex-cliente será condenado em algum, ou alguns, das dezenas de indiciamentos que tem.

Lógico que ele recorrerá da sentença, um direito dele, e o processo cairá nas mãos de Alexandre, o que seria anti-ético, diria mesmo que imoral, um advogado de defesa funcionar como juiz de um mesmo réu.

Desde o início da preparação do golpe, quando o quartel general da conspiração era em São Paulo, Moraes teve parte ativa, junto aos políticos locais, quase todos delatados na Lava Jato, secretariando governos em que vários dos seus membros, inclusive ex-governadores, estão na Lava Jato.

Consolidado o golpe, assumiu um ministério, passando a conviver com diversos outros ministros e mais o presidente da república, todos delatados na Lava Jato.

Alexandre de Moraes é filiado ao PSDB (provavelmente se desligará, em função do cargo que vai exercer).

Ora, num momento em que no mundo todo se comenta que há uma blindagem dos políticos do PSDB, em que a parcela esclarecida do povo brasileiro cobra isso, a maioria deles disputando a liderança no número de delações na Lava Jato e denúncias em operações outras da polícia federal, um notório e assumido peessedebista assume cargo de julgador do PSDB?

Até onde, com esta nomeação, Temer não está colocando um advogado de defesa dele e dos seus no STF?

Em sua tese de mestrado, Moraes argumentou que um advogado que tivesse cargo nos altos escalões do executivo não deveria jamais ser nomeado ministro no STF, porque mais não seria que advogado de defesa do governo que o indicou, no STF.

Vale aqui a célebre declaração de Fernando Henrique Cardoso, quando flagrado em contradição: “não levem a sério o que escrevo”?

Mas nem tudo está perdido, poderá argumentar alguém, ainda resta a sabatina no senado, onde o seu nome poderá não ser aprovado.

Como, se um terço dos senadores está na lista da Odebrecht, a começar pelo seu presidente, de codinome Índio?

Quanto aos 2/3 restantes, metade é da base aliada do governo e a outra metade.... Alguns estarão disponíveis, em troca de propinas, em espécie ou cargos, dotações orçamentárias para os seus currais eleitorais.... Restando alguns resistentes, que estarão na mídia, no dia seguinte, apontados como maus brasileiros, sabotadores da república, inimigos do governo e do povo.

O Congresso Nacional é, hoje, um cartório onde se homologa todas as decisões tomadas por Temer. 

Alexandre de Moraes já é Ministro no STF.

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