Luta de classes e lutas culturais

Nilson Lage

Teses sobre o Brexit, a eleição de Trump e o silêncio das massas no Brasil.

Enquanto os partidos progressistas colocarem no mesmo plano a luta de classes e as grandes causas culturais, dificilmente ganharão o poder por via do voto e terão ampla base de apoio.

O que pode unir as classes populares é a consciência de sua condição de classe trabalhadora, sem distinção de raça, credo, sexo ou qualquer outra.

O que move a classe trabalhadora é a realidade, não os grandes ideais. Em sua mobilização, o conceito de unidade (eclesia, interesse comum) é essencial.

Questões culturais – conflitos étnicos, religiosos, entre sexos, entre grupos de comportamento, relações com a natureza – dividem as classes populares.

Grupos culturais – étnicos, religiosos, comportamentais – dividem-se entre as classes sociais.
São lutas paralelas, não solidárias.

A luta de classes, como prega o Manifesto Comunista de 1848 – e ninguém até hoje provou o contrário – , é tal que termina sempre com uma transformação revolucionária da sociedade ou destruição das classes em luta.

Não há transformação revolucionária possível nas lutas culturais, nem se coloca em termos realistas a alternativa de liquidação dos polos opostos.

Sua historicidade é tal que vêm de antes da atual configuração das classes sociais, em certos casos antes mesmo que se possa sustentar o conceito de classe social.

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Se, no entanto, achamos que se impõe a visão integral do homem, que a prática humana decorre de princípios éticos e não o contrário, que o essencial é manter a cabeça erguida e a face exposta, ainda que perdendo – então, tudo bem.

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