Luiz Carlos Azenha
CUBA, VIETNÃ E IRAQUE
CUBA, VIETNÃ E IRAQUE
Estamos nas cercanias de Hanói, no Vietnã. Uma procissão budista celebra o plantio do arroz. Nela, os agricultores trazem fotos dos antepassados que supostamente vão ajudar na safra. No último palanque, a contribuição do Partido Comunista: uma foto de Ho Chi Minh. Sincretismo político-religioso.
Quero uma explicação do guia: não, aqui ninguém é comunista, aqui somos todos nacionalistas. A guerra contra os Estados Unidos foi uma guerra eminentemente nacionalista. Ah, bom.
Bagdá. Véspera da invasão dos Estados Unidos. Pergunto ao guia: se o Saddam Hussein é um ditador sanguinário, como dizem os Estados Unidos, por que os iraquianos não ajudam os EUA a derrubá-lo? Porque eles são invasores e vamos defender não o Saddam, mas nossa Nação! Ah, bom.
Fidel Castro foi eminentemente um nacionalista que se tornou comunista pelas circunstâncias históricas em que se viu, cercado pelo Grande Irmão do Norte.
O nacionalismo não interessa ao império. Só o nacionalismo que levou à eleição de Donald Trump. O nacionalismo dos outros é necessariamente ruim, pois ele é um entrave à dominação.
Os coxinhas que condenam Fidel vão ter de lidar com esta contradição: defendem o ponto-de-vista dos cubanos que vivem em Miami, uma cidade na qual eles, coxinhas, serão vistos acima de tudo como cucarachas a partir de janeiro.