A manchete da Falha de hoje é "Odebrecht diz ter pago caixa 2 a Alckmin em dinheiro vivo".
Ninguém precisa se animar: o padrão é que as denúncias morram amanhã. Tenho até uma teoria para esse tipo de comportamento. É uma maneira do jornal dizer para seus parceiros da direita: "olhem, não somos irrelevantes, podemos causar dano, deem atenção a nós".
Mais interessante é o box da matéria, "Outros citados pela empreiteira". Estão lá Temer, Serra, Geddel, Jucá, Mantega. Todos associados a polpudas somas em dinheiro. Também Moreira Franco, que teria pedido propina.
E aí aparece Lula. A denúncia? "Arena do Corinthians foi construída como espécie de presente a Lula".
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Não acho que denúncia de empreiteira deva ser aceita sem investigação. Os executivos da Odebrecht falam, pode ser verdade, pode não ser. Mas tem diferença entre uma denúncia e uma piada, como é o caso do Itaquerão.
As acusações contra Lula são, além de tudo, tingidas de preconceito de classe. Quem, a não ser um operário, seria tão irracional a ponto de não saber diferenciar entre ele mesmo e o time de futebol para o qual torce? Quem, a não ser um pobre, comandaria um esquema para desviar bilhões de reais em troca de um apartamentinho no Guarujá? Ou uma piscina num palácio do Estado?
É uma construção perversa, mas que revela uma sintonia profunda com a mentalidade dos setores médios brasileiros. Talvez valores maiores e bens de alto luxo não causassem tamanho impacto. Lula encarna o mal porque, proletário, estaria roubando para ascender à classe média. E que os pobres se equiparem a ela, esse é o maior medo e o mal a ser evitado.
