Sylvia Moretzsohn
Poucas coisas foram tão impressionantes para mim, nos últimos tempos, do que as entrevistas no Fantástico de ontem.
Ou melhor: o comportamento daquelas pessoas.
A força daquelas imagens.
Uma, a do trio que chamou uma coletiva num domingo de manhã para explicar que jamais passou pela cabeça deles aprovar a tal anistia ao caixa 2, e que se explica sobretudo como forma de se antecipar ao que o esbelto ex-ministro poderia dizer sobre o affair Geddel.
A outra, a do próprio esbelto ex-ministro.
Na primeira, o roliço filho do César Maia não disfarçava a tromba. Renan, estático, olhando fixo para o nada. E Temer, afetando serenidade, demonstrava exatamente o contrário, não apenas ao medir as palavras, mas sobretudo pelo rictus, aquele sorriso forçado e falso no canto da boca, e pelas mãozinhas que parecem ter vida própria.
Na segunda, o olhar congelado do Calero, o corpo inclinado em tensão evidente diante da Noiva Cadáver igualmente congelada.
Importa muito pouco o que disseram. Importam as imagens.