Nunca um ministro da cultura foi tão útil

Calero levou Temer a nocaute
Juremir Machado da Silva

Os fatos e os discursos revelam muito sobre o vazio.

Se Dilma se atrapalhava com as palavras e inventava termos, Michel Temer é o típico homo bacharelescus. Torce as palavras, encompridando o discurso, até que elas não digam coisa algum. Vê-se o oco de cada declaração.

Poucas vezes se viu um presidente usar a língua de maneira tão retorcida e vazia.

O ouvinte fica esperando que a enrolação termine para tentar captar algum sentido.

A elite se derrete. É o seu estilo. A plebe fica fascinada. Quanto menos entende, mais admira.

O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, simplificou o discurso com fatos.

Foi pressionado por Geddel Vieira Lima a cometer uma irregularidade.

Apelou a Temer, que o tratou como noviço e sugeriu que entregasse a coisa para os veteranos.

Ou seja, agiu em favor dos interesses privados de Geddel.

Eliseu Padilha fez o mesmo.

O governo atolou-se na defesa dos interesses privados de um dos seus caciques.

Calero ouviu, gravou e entregou tudo.

As panelas não batem. Por quê?

Ficarão assim mesmo os crimes de tráfico de influência e de advocacia administrativa?

Sem falar em prevaricação.

O TSE já apurou que salários de assessores da campanha de Michel Temer foram pagos com dinheiro arrecadado pela turma da campanha da Dilma. Vai continuar a balela da separação das contas?

Os tucanos de voo mais elevado correram para blindar Temer e os seus.

Não deveriam ter corrido para denunciar a bandalheira?

Por que não há orquestra de panelas contra as tentativas de anistia do caixa dois?

Por que não há panelas repicando contra a tentativa de blindagem de Geddel por Temer e cia?

De repente, Temer e Aécio Neves passaram a considerar absurdo gravar presidente da República.

Como assim?

Quando os fatos soterram os discursos, as ideologias fingem que está tudo bem.

Calero enterrou Temer.

Nunca um ministro da cultura foi tão útil.

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