A Sturmabteilung (SA) durante as prévias compradas pelo Füehrer |
Reportagem hoje dá conta de que a cúpula do PSDB começa a trabalhar a sério com a possibilidade de lançar Doria à presidência. Partem da percepção de que mesmo toda a blindagem não será suficiente para salvaguardar os caciques tradicionais do partido do desgaste que as repetidas menções em denúncias de corrupção provocam.
Doria nega e faz juras de amor a Alckmin, mas é claro que trabalha nessa direção desde que foi eleito para a prefeitura de São Paulo. Faz um uso calculado de bravatas grosseiras para vestir a fantasia de "anti-Lula" e aposta num marketing - até agora eficiente, por mais fajuto que possa parecer a quem tenha um mínimo de educação política - com alcance nacional.
Seria risível se não fosse assustador. Doria não é só o almofadinha acéfalo, o panda de cashmere (como às vezes é chamado, para desgosto dos simpáticos ursídeos chineses). Doria não é só o factoide sem estofo, o falso empreendedor cevado no compadrio com os donos do poder. Ele é o porta-voz do discurso gerencial que, ao buscar a abolição da política, busca eliminar os meios para que os dominados se organizem e resistam. E tinge esse discurso com características nitidamente autoritárias, negando legitimidade a qualquer dissenso. O bate-boca que ele travou ontem com um eleitor que ousou lembrar que o programa Minha Casa Minha Vida era devido à presidente Dilma Rousseff é chocante (o vídeo está aqui: https://goo.gl/XE9P2P). Doria não estabelece diálogo; utiliza seu monopólio do microfone para desferir impropérios e ameaças.
Por trás de seu figurino inofensivo, do sorriso falso, do discurso ppé-fabricado, do gestual robótico, Doria é mais uma versão - que se quer eleitoralmente palatável - do autoritarismo que toma conta do país.