O janotinha nasceu rico. Papai era publicitário de sucesso. Casa confortável, mesa farta. Bons colégios, motorista particular.
Passou um pequeno aperto quando Papai foi cassado pelos militares em 1964, não por ser da esquerda ou por ser líder sindical, mas por estar metido até o pescoço em tramoias de financiamento irregular na campanha que o elegeu (foi financiado com dólares de amigos/patrocinadores americanos, o que era vedado pela lei).
Mas nada da passar fome, pequenos ajustes na vida burguesa.
Agora é franco defensor das reformas que debilitam o mundo do trabalho e que, no bojo de combater alguns direitos absurdos dos funcionários públicos, quer penalizar milhões de trabalhadores dos extratos mais explorados e com menor remuneração na escala salarial do país.
Seu discurso: sou um trabalhador, acordo cedo, trabalho dezesseis horas por dia ...
Tudo uma farsa só.
Não usa transporte coletivo. Só se desloca em automóveis de luxo, helicóptero e avião particular.
Mora numa mansão com mais de 2.000 m², no aprazível bairro dos Jardins em São Paulo. Iluminação, saneamento e segurança: tudo provido e garantido pelo estado.
Passa os fins de semana numa Vila em estilo Toscano em Campos do Jordão. As férias no exterior vai curtir em Miami onde também possui residência. Ambientes luxuosos, de gosto duvidoso, mas confortáveis e seguros.
Está sempre cercado de ajudantes, assessores e puxa-sacos dos mais variados estilos & competências, que fazem o trabalho duro, enquanto o bacana dá as ordens.
E se compara ao trabalhador que mora a duas horas do local de trabalho, que pega trem e ônibus lotados todos os dias, que mora em uma casa ou apartamento de 50, 60 ou 80 m², em rua não asfaltada, com iluminação precária e sem saneamento básico. Que luta pela sobrevivência, que luta contra a insegurança, que luta cotidianamente para alimentar com dignidade os filhos. Que não tem plano de saúde, nem estabilidade no emprego, nem reservas financeiras.
Quem é o janotinha?
É um tal de João trabalhador (sic), um farsante.
Um aprendiz de hipócrita, na escola tucana da política.