A Lei de Anistia e o caso Habib's

Léo Bueno

O médico que assinou o laudo do menino morto defronte ao Habib's, informa o Renato Rovai, é um divulgador de Bolsonaro e defensor público da redução da maioridade penal.

Desde já não acredito neste laudo.

O cheiro de déjà-vu está muito forte.

Harry Shibata foi o médico que assinou o primeiro laudo da morte de Vladimir Herzog, em 1975.

Disse que o jornalista se enforcou em sua cela.

O tempo provou que era uma fraude.

O tempo, aliás, nem era necessário: Herzog tinha muitas marcas pelo corpo e suas pernas estavam no chão, impossibilitando que ele se pendurasse.

A farsa era óbvia desde o primeiro momento.

Shibata foi investigado pela fraude. Ele sofreu várias denúncias, mas se beneficiou com a Lei de Anistia.

A Lei de Anistia serviu para que o Brasil, em seu cinismo peculiar, nunca punisse os crimes contra a humanidade - inanistiáveis e imprescritíveis, segundo tratado assinado pelo nosso mesmo governo - ocorridos na ditadura.

Fez com que assassinos e torturadores ficassem livres até hoje.

Naquele momento, a ditadura deu certo.

O resultado foi que a ditadura está profundamente arraigada na cultura brasileira.

O resultado é o laudo sobre o menino morto.

O resultado é o Habib's.

Desde esse momento, declaro meu apoio a qualquer ação ou coletivo que se propuser levantar fundos para que o corpo do garoto seja necropsiado por um médico independente.

Minha indignação grita contra esse cinismo.

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