Hoje, um homem que foi ovacionado pelo mundo todo, que foi elogiado por líderes de quase todas as nações, entrou de sandálias nas águas do Velho Chico, tirou seu chapéu nordestino da cabeça, encheu-lhe com a água que lhe fez falta na infância e jogou para cima deixando cair sobre o rosto.
Ninguém pôde dizer se a água que escorria-lhe na
face era do velho rio que recém chegava ou de velhas lágrimas que recém fluíam.
O que todos viram foi o cumprimento de uma promessa silenciosa, que um dia um retirante pobre fez aos milhões de sua terra que morreram sem sentir a água nas mãos.
Disse-lhes ele em silêncio: "Nunca nesta terra morreu-se por falta de água. Morria-se por que ninguém nunca se importou. Não mais ..."
E quem enxergou viu milhões de magras almas, entre crianças adultos e velhos, a rumarem aos céus com suas almas lavadas repetindo: "Não mais ... nunca mais."