Pesquisa inédita mostra perfil dos coxinhas

Uma pesquisa com os meus botões 

Fiz uma pesquisa com os meus botões e cheguei à seguinte conclusão: 92,73% do pessoal que bateu panelas, saiu às ruas com a camisa da CBF, xingou a presidenta Dilma de "vaca" e o ex-presidente Lula de "ladrão", "apedeuta", "bêbado", e outros tantos termos do mesmo quilate, não tinha a menor ideia do que seria o país pós-impeachment e livre dos "petralhas".

Desses 92,73%, mostra o meu levantamento, 71,13% achava que o substituto da presidenta seria o implacável Aécio Neves. O restante pensava que o Palácio do Planalto ficaria ocupado ou pelo mito Bolsonaro, ou pelos seguintes personagens: Silas Malafaia, Eduardo "somos milhões" Cunha, Geraldo "o santo" Alckmin, José "careca" Serra, e Pelé.

Ah, também houve menções ao ex-presidente Lula...

No que toca à vida pós-golpe, ou seja, essas coisas triviais como trabalho, emprego, aposentadoria, moradia, saúde, educação, esse blá-blá-blá todo sem nenhuma importância na dinâmica de uma sociedade civilizada, 65,52% dos apoiadores do golpe responderam que não tiveram nenhuma preocupação em saber os planos do novo governo para essas áreas.

Para eles, disseram, importante mesmo era ter acabado com os "petralhas".

Os outros dividiram suas respostas em: não haverá mais impostos; acabará o limite de velocidade nas estradas; os "privilégios" dos negros serão extintos; a homossexualidade será decretada crime; e as escolas serão obrigadas a ensinar religião.

Sobre o futuro do país, 45,13% dos homens de bem que vestiram verde e amarelo nas ruas no ano passado disseram que só o "Bolsomito" arrumará a situação; 30,42% pediram "intervenção militar constitucional"; 15,67% acham que a salvação é o Brasil virar um Estado norte-americano, sob a liderança de Trump; e o restante afirmou que o futuro a deus pertence e o importante foi ter tirado os "petralhas" do poder.

A pesquisa se encerrou por aí.

Meus pobres botões estavam extenuados.

Um deles resumiu o sentimento de todos: 

- Vamos esquecer o que fizemos, vamos ver se o Jornal Nacional, a Veja, a Folha, o Globo, o Estadão, algum desses jornalistas que sabem de tudo, pode nos explicar o que aconteceu e o que pode acontecer daqui para a frente.

E se calou, num mutismo característico de um botão.

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