BOÇALNARO: UM TIGRE DE PAPEL
Nunca devemos subestimar o fascismo, ainda mais em tempo de crise. Mas sem nenhuma paixão, com Bolsonaro isso é meio inevitável. Vendo-o falar na Hebraica o que salta aos olhos é sua boçalidade e fragilidade emocional. Inseguro, compensa isso com declarações absolutas e violentas.
De memória fraca, não domina dados históricos e erra sobre eles e sobre números todo tempo.
Quando mente, sua voz fraqueja. É flagrante a falta de fio condutor e argumentos em seu discurso.
Ele fala de temas esparsos, fragmentários, um atrás do outro, medindo a aprovação da audiência através de seus aplausos e faces. Salta de uma frase de
agrado fascista para outra, tudo de ruim que acontece pra ele culpa o PT. Quando nada funciona agride homossexuais, negros ou esquerdistas. Há no entanto nele uma certa autenticidade.
E é claro que há gente para aplaudi-lo e votar nele, porque ele representa a libertação não só de sua vergonha de ser boçal, ignorante e servil aos patrões brasileiros, mas do silêncio a que seu preconceito e ódio foi condenado por anos desde a ditadura.
Essa autenticidade de Bolsonaro, no entanto, não o levará sequer aos 8% de Enéas, quando tudo o que ele fala e fez for trabalhado na campanha. Porque Enéas era inteligente e nacionalista, ele é só uma mente limitada que parece realmente acreditar que nacionalismo é xingar Cuba, diminuir o Estado, acabar com reserva indígena e expulsar imigrantes de um país de imigrantes.
Bolsonaro é só um boçal, e ele representa isso: a boçalidade. E embora a maioria dos boçais goste de ouvir um boçal falando na TV o que eles falam, não gostam de ter um boçal encarregado de sua vida e seu futuro.