O escritor norte-americano Norman Mailer (1923-2007) acreditava que nos momentos que antecedem a grandes eventos ocorrem estranhas coincidências como fossem pequenos espasmos da realidade, para depois retornar ao estado normal.
Esses “espasmos da realidade” podem ser uma mistura tanto de eventos sincromísticos (uma “linguagem crepuscular” na qual eventos se conectam em “coincidências significativas”) quanto de atos falhos, lapsos, nos quais nos quais pessoas “preveem” eventos futuros como estivessem em algum modo automático revelando o script dos acontecimentos.
Como, por exemplo, quando uma apresentadora de um telejornal da Globo “previu” o mando de jogo da partida final da Copa do Brasil com 24 horas de antecedência, indicando a sequência dos jogo de ida e volta da decisão, sequência que ainda seria sorteada na sede da CBF no Rio de Janeiro (clique aqui). Para-jornalismo? Ou a apresentadora, ligada no automático, num lapso revelou um script pré-definido?
São momentos que muitas vezes passam despercebidos. Mas se assemelham àquele vivido pelo personagem Truman no filme Show de Truman: no saguão de um edifício as portas se abrem e, incrédulo, vê ao invés do elevador os bastidores da produção por trás de uma gigantesca cenografia.
Mais “espasmos da realidade”
Pois nesse momento estamos diante de mais desses “espasmos da realidade” que se manifestam nos importantes eventos desse ano: o ataque com armas químicas supostamente cometido pelo Governo contra a população síria, a retaliação dos EUA lançando dezenas de mísseis na Síria e o atentado em Estocolmo onde um caminhão em alta velocidade atropelou e matou quatro pessoas ferindo outras 15.
Em fevereiro, ao discursar para milhares de pessoas em Melbourne, Flórida, ligando o problema da imigração na Europa ao terrorismo internacional, o presidente Donald Trump citou a Suécia como se tivesse ocorrido um atentado dias antes.
Vejam o que está acontecendo na Alemanha, o que aconteceu ontem à noite na Suécia. A Suécia, quem iria acreditar? Suécia. Eles receberam muitos. Estão tendo muitos problemas que jamais imaginaram — acusou Trump em defesa do seu decreto para impedir a entrada de refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos nos EUA, que fora suspenso pela Justiça.
A grande mídia reportou o episódio como uma “gafe”, uma “invenção” para justificar sua “agenda de intolerância” e assim por diante. Foi mais um episódio para os telejornais e comentaristas ridicularizarem um até então presidente “folclórico”, “grosso”, chegando mesmo a ter “problemas mentais” como noticiado pela mídia de que “profissionais da saúde” demonstravam “preocupação com a instabilidade” do presidente.
O fato é que quase dois meses depois o ataque terrorista citado em uma suposta “gafe” de Trump ocorreu na Suécia.
A piada tornou-se realidade? Ou ocorreu um “erro de agenda”, um lapso de um presidente que mantém comunicação permanente com os quadros do SD (Sverigedemokraterna, partido de extrema direita sueco) na elaboração de estratégias para criar pânico e xenofobia entre os suecos? – sobre isso clique aqui.
O fato é que o “ato falho” de Trump foi encoberto pela grande mídia pelo tom geral de piada e galhofa – afinal a percepção da “coincidência” pode criar a desconfiança que Trump inadvertidamente teve uma falha na memorização do roteiro.
O caminhão do ataque em Estocolmo
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